Desenhos estereotipados:um mal necessário ou é necessário acabar com este mal?Maria Letícia Rauen Vianna
Profa. Dra. Maria Letícia Rauen Vianna: arte-educadora e artista visual. Professora do Curso de Artes Visuais da Universidade Estadual de Ponta Grossa e Coordenadora do curso de pós-graduação lato sensu: Poéticas Contemporâneas no Ensino da Arte. É Especialista em Arte Educação, Mestre e Doutora em Artes pela Universidade de São Paulo. Seu Doutorado incluiu um estágio na Université de Paris V da Académie de Paris-Sorbonne.
"Em 1987, quando assumi a disciplina de “Material Didático” numa Escola Normal na rede pública do Rio de Janeiro, decidi que, ao invés de ensinar às futuras professoras a construir quadros de pregas e flanelógrafos, ou a enfeitar murais, trabalharia sobre os estereótipos que aparecem em todos estes materiais. Foi nessa época que desenvolvi um “método” para desestereotipar os desenhos.
[...] Não podemos aceitá-los porque como educadores, acreditamos no poder de criatividade das pessoas, na individualidade de cada ser humano, acreditamos na necessidade vital que a criança tem de se expressar; porque somos contra a acomodação e desejamos a transformação.
Admirando os estereótipos as crianças querem imitá-los e copiá-los: dos murais, das cartilhas, das folhas mimeografadas que são obrigadas a colorir. Assim, aos poucos, vão desaprendendo o seu próprio desenho, perdendo a expressão individual e a confiança nos seus traços, começando a considerá-los “feios” ou “mal feitos”.
Algumas crianças dizem então “não saber desenhar” e com isso estão querendo dizer que “não sabem fazer estereótipos”, que “não sabem desenhar igual à professora”. Estão, em última análise, mostrando que já se tornaram inseguras em relação ao desenho, não acreditam que são capazes.
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